sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

emanações liricorpoéticas

câmbio, câmbio, testando...

então, gente, faz tempo que eu não uso blogs, de modo que hoje tem coisas que eu não me lembro como fazer, outras que nunca soube, muita coisa pra dizer e enfim, bora que o post é longo...

como falei em sala na última quinta-feira, duas lembranças me ocorreram ao vivenciar o poema-algaravia declamado (é interessante porque a sensação é essa mesmo, de um poema só composto da soma ou sobreposição de vozes, versos e corpos).

a primeira lembrança foi de uma música do Wanderley Monteiro, "Por um triz". sua letra se bifurca num dado momento e ao mesmo tempo se enovela, se encontrando e desencontrando e reencontrando tal como uma metáfora do próprio tema central do poema. linda, linda!! e a voz da Iracema Monteiro, mulher dele, é simplesmente sensacional!!

aí vai a letra e o vídeo.



Por um triz
Wanderley Monteiro 

O que esperei já foi demais da conta
Bem cedo aqui cheguei
E você me apronta

 Imaginei, oh! quanta ilusão
 Abrir meu coração
 Viver em emoção

 Mas, o ponteiro já correu }
Mais um vazio em mim se deu } 2x
E sem mais nada a fazer }
Restou te esquecer }

 Aqui estou (a reluzir)
Onde você marcou (a emoção)
Foi do lado de cá (me distraiu)
Faltou o seu olhar (mas, não secou)
Para me embalar (o sentimento)
Fazer pulsar o coração (e me envolveu)
E assim, iniciar (um grande momento)
Uma linda união

 Já que me viu (feliz estou)
Por que você não vem (a esperar)
É tudo que eu quis (o seu olhar)
Vai me fazer tão bem (o seu amor)
E se for por um triz (não vai passar)
Não há tempo pra pensar (me abraça e diz)

 O amor vai começar } 2x
Num desencontro com final feliz }

MASHUP

também me lembrei de um mashup do nirvana com o funk da atoladinha. engraçado que na minha cabeça as músicas eram também meramente sobrepostas, o que não é o caso, havendo um nítido e óbvio trabalho de mixagem.

engraçado também, ou nem tanto, é que eu me senti impelido a escrever algo no sentido de defender a beleza da obra, no sentido judiciário mesmo de defesa. sem dúvida por ser um funk. é foda isso, né, sempre que se fala de funk parece que é necessário fazer uma explanação de defesa, como se essa manifestação cultural poderosíssima e de incontestável traquejo tupiniquim fosse culpada de alguma coisa.

bom, mas como adoro pecar, a moral não é meu forte, não sou advogado, nem acho que cabe defesa aqui, posto o texto que meu amigo Fred Coelho postou junto com o link no facebook:

"O Mashup é o suprassumo do pop contemporâneo. O remix foi um primeiro passo na desconstrução do pop, mas ainda estávamos "mudando por dentro" a mesma música. O sampler foi o segundo passo, inserindo uma musica na outra, ampliando as combinações, transformando a discoteca em repertório universal. Os Mashups, por sua vez, são o auge, onde não há mais "uma música na outra". Há apenas uma música sendo muitas outras simultaneamente. Combinar os títulos, borrar o centro autoral, produzir ruídos e destruir qualquer fronteira do jardim da razão é a função do mashup. Que só cresce em qualidade e invenção nas nossas praias de algas verdes e semanas infinitas de canícula".

e aí vai o link do soundcloud, já que não achei no youtube: 

https://soundcloud.com/clauspupp/atoladinha-like-teen-spirit

POESIA

pra fechar, como meu ascendente é Leão e dizem por aí de vez em quando que sabem que é certo que tem quase certeza que sou filho de Xangô, sou vaidoso que só vendo, admito. e como além disso não sou advogado mas sou poeta, posto ainda dois poemas que me ocorreram enquanto escrevia aqui. eu costumo falar poesia por aí e esses dois poemas (devaneios III e VIII), por não terem, a meu ver, potência oral pra serem declamados, ficam meio esquecidos em meio ao rebuliço dos irmãos mais bonitos, extrovertidos e agitados. aproveito então pra deixá-los passear um pouquinho por essas bandas virtuais...

 beijos e BOM CARNAVAL!!!!

III 

confesso
declaro
que o excesso de trabalho está minando
minha potencialidade natural
de vagabundear

vagabundeio
numa expressão caseira de resistência

resisto
numa inércia ressaqueada

não quero mudar o mundo
nem alterar paradigmas
muito menos dar exemplo

quero só isso mesmo:
ficar quietinho
e encontrar tempo
pra escrever besteira.

VIII 

o tempo é curto 
não há tempo

não há tempo e nada
faz sentido

nada faz sentido e o tempo é curto 

não há tempo para dar sentido
nisso tudo que acontece
no pouco tempo em que estou vivo 

o tempo é curto
não há tempo 

não há tempo e nada
faz sentido 

nada faz sentido e o tempo é curto

não há tempo para dar sentido
nisso tudo que acontece
no pouco tempo em que estou vivo
e permaneço inerte

o tempo é curto
não há tempo
não há tempo

nada faz sentido
nada 
faz sentido e o tempo 

é curto

-- não há tempo para dar sentido nisso tudo que acontece no pouco tempo em que estou vivo e permaneço

inerte.

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